A febre do Morango do Amor: quem lucra, quem perde e o que a trend revela sobre franquias

A moda do morango do amor viralizou, elevou o preço da fruta em até 107 % e movimentou franquias, produtores e consumidores. Entenda quem ganha e quem perde.

NEGÓCIOS E FINANÇASCURIOSIDADES

Fê Garcia

7/28/20258 min read

A febre do Morango do Amor: quem lucra, quem perde e o que a trend revela sobre franquias

Introdução

Você também ficou curioso com as filas que se formaram para comprar um morango coberto de brigadeiro e casquinha vermelha? Uma simples sobremesa – rebatizada de morango do amor – saiu das festas juninas, dominou o TikTok com mais de 57 mil postagens e transformou‑se em objeto de desejo nas confeitariasforbes.com.br. A ideia de morder um morango envolto em leite em pó e caramelizado despertou memórias afetivas e, ao mesmo tempo, se tornou “instagramável”forbes.com.br. A febre digital, porém, tem repercussão real: pedidos via aplicativos dispararam 2 300 % em um mêscnnbrasil.com.br, milhares de lojas aderiram à novidadecnnbrasil.com.br e os preços da fruta subiram. O que explica esse boom e quem se beneficia ou sofre com a tendência? Nas próximas linhas, você vai descobrir como a cadeia produtiva reagiu, quais foram os ganhos e as perdas para franquiados e consumidores e que lições ficam para quem pretende surfar a próxima onda.

Como a febre começou

Embora o nome sugira novidade, o morango do amor é uma releitura da tradicional maçã do amor: o morango fresco é embrulhado em brigadeiro de leite ninho e recoberto por uma camada crocante de caramelo vermelhoforbes.com.br. Esse contraste de cores e texturas cria um visual “mordível” que se adequa perfeitamente às câmeras dos smartphonesterra.com.br. Influenciadores e confeitarias passaram a publicar vídeos e tutoriais, e em pouco tempo a sobremesa virou tendência: no TikTok, o termo morango do amor já somava dezenas de milhares de publicaçõesforbes.com.br, e os aplicativos de entrega relataram um salto de 11 mil para 257 mil pedidos em um único mêscnnbrasil.com.br. Em São Paulo, cada unidade custa de R$ 20 a R$ 30cnnbrasil.com.br, mas em outras regiões a mesma guloseima varia de R$ 10 a R$ 25, chegando a R$ 50 nos casos de maior escassezterra.com.br. Esses números mostram que a “trend” deixou de ser apenas um viral e passou a impactar a economia local.

Efeito dominó no consumo

O hype virtual teve reflexos imediatos fora da internet. A quantidade de lojas atendendo aos pedidos subiu de 830 para mais de 10 300 estabelecimentos, e mais de 524 mil unidades foram entregues no mês da explosãocnnbrasil.com.br. Franquias de confeitaria, com logística e marketing estruturados, reagiram rapidamente: algumas lojas passaram a vender 1 000 unidades por dia, e redes como a Sodiê Doces comercializaram 8 000 unidades em um único lançamentoforbes.com.br. O valor praticado nos aplicativos (entre R$ 12 e R$ 16 por unidade) garante margem interessante para negócios com escalaforbes.com.br. No Espírito Santo, uma confeiteira relatou que a procura por seus morangos do amor aumentou 600 %forbes.com.br. A explosão das vendas, no entanto, também pressionou estoques e exigiu adaptações logísticas: a fundadora da Amor aos Pedaços confessou que não conseguiu atender à demanda e lançou a “Uva do Amor” como alternativa. forbes.com.br.

Escalada de preços e impacto na cadeia produtiva

Se por um lado as vendas explodiram, por outro a alta repentina de consumo desajustou os preços. De acordo com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a caixa de 1 kg de morangos no Entreposto Terminal subiu de R$ 24,66 para R$ 48,07 em poucos dias – um salto de 95 % e alta de 107,5 % em comparação com a semana anterioragro.estadao.com.br. No Mato Grosso do Sul, a Ceasa‑MS informou que vendeu aproximadamente 20 mil bandejas de morango em uma única manhã; a procura aumentou 50 % e os preços das caixas com quatro bandejas subiram 35 %agro.estadao.com.br. No Ceará, a situação foi ainda mais extrema: os estoques das Ceasas de Maracanaú, Barbalha e Tianguá se esgotaram, o quilo da fruta no atacado chegou a R$ 50 e, no varejo, a R$ 100 – um avanço de 44,6 % em relação a marçofocuspoder.com.br.

Essa escalada não decorre de uma queda na produção, mas de uma procura extraordinária. A maior parte da produção brasileira de morangos ainda está nas mãos de pequenos agricultores: cerca de 70 % vem de propriedades familiares com menos de 10 hectaresprofessorrafaelporcari.com. A cultura é de alta intensidade de mão de obra – a colheita é 100 % manual e o fruto é sensível a toques, o que eleva custosprofessorrafaelporcari.com. Em Atibaia (SP), um dos principais polos da fruta, o produtor Rafael Mazieiro comemorou a febre: suas vendas cresceram 30 % em relação à semana anterior, quando normalmente o preço cairia por ser período de safraagro.estadao.com.br. Esse alívio, no entanto, convive com a dificuldade dos pequenos negócios de acessar insumos a preços razoáveis; em Campo Grande, por exemplo, um revendedor disse que paga cerca de R$ 18 pela caixa com quatro bandejas, enquanto o consumidor final desembolsa de R$ 50 a R$ 60campograndenews.com.br.

Quem lucra com a tendência

Franquias e grandes confeitarias

Para redes de confeitaria, o morango do amor foi sinônimo de faturamento rápido. A Amor aos Pedaços relatou ter recebido 500 mensagens de clientes em um único dia e vendeu cerca de 2 000 unidades, além de lançar a Uva do Amor para aproveitar o momentoforbes.com.br. A Sodiê Doces comercializou 8 000 unidades logo no lançamento e projeta vendas de 1 000 unidades por dia por lojaforbes.com.br. O tíquete médio entre R$ 12 e R$ 16 e a capacidade de produção em escala garantem margens robustasforbes.com.br. Outra rede de doces citada pela mídia local faturou mais de R$ 20 mil por dia apenas com a sobremesadiariodonordeste.verdesmares.com.br.

Pequenos empreendedores e confeiteiros independentes

Micro e pequenos negócios também embarcaram na moda. A confeiteira capixaba que viu sua procura aumentar 600 %forbes.com.br é um exemplo de como a trend abriu espaço para quem tem criatividade e pouca estrutura. Em Campo Grande, vendedores ambulantes compraram morangos nas Ceasas e passaram a revender a fruta ou o doce pronto, cobrando de R$ 10 a R$ 15 por bandeja de 250 gcampograndenews.com.br. Redes sociais e tutoriais fornecem receitas e estratégias de precificação, permitindo que novos confeiteiros entrem no mercado com investimento relativamente baixo.

Produtores e distribuidores

O aumento de preços também beneficiou parte dos produtores. Na Ceagesp, a caixa de 1 kg valorizou‑se em 95 %agro.estadao.com.br; produtores de Minas Gerais, segundo relatos, reajustaram valores em 25 % “de uma hora para outra” para suprir a demandadiariodonordeste.verdesmares.com.br. Para pequenos agricultores – que respondem por 70 % da produção e dependem de colheita manualprofessorrafaelporcari.com – essa valorização em plena safra é um respiro financeiro. Plataformas de entrega e redes sociais também faturaram com a febre, já que a intermediação gerou comissões e o conteúdo viral impulsionou engajamento e publicidade.

Pequenos empreendedores e confeiteiros independentes

Micro e pequenos negócios também embarcaram na moda. A confeiteira capixaba que viu sua procura aumentar 600 %forbes.com.br é um exemplo de como a trend abriu espaço para quem tem criatividade e pouca estrutura. Em Campo Grande, vendedores ambulantes compraram morangos nas Ceasas e passaram a revender a fruta ou o doce pronto, cobrando de R$ 10 a R$ 15 por bandeja de 250 gcampograndenews.com.br. Redes sociais e tutoriais fornecem receitas e estratégias de precificação, permitindo que novos confeiteiros entrem no mercado com investimento relativamente baixo.

Produtores e distribuidores

O aumento de preços também beneficiou parte dos produtores. Na Ceagesp, a caixa de 1 kg valorizou‑se em 95 %agro.estadao.com.br; produtores de Minas Gerais, segundo relatos, reajustaram valores em 25 % “de uma hora para outra” para suprir a demandadiariodonordeste.verdesmares.com.br. Para pequenos agricultores – que respondem por 70 % da produção e dependem de colheita manualprofessorrafaelporcari.com – essa valorização em plena safra é um respiro financeiro. Plataformas de entrega e redes sociais também faturaram com a febre, já que a intermediação gerou comissões e o conteúdo viral impulsionou engajamento e publicidade.

Lições para franqueadores e franqueados

  1. Monitore tendências de consumo – A viralização do morango do amor mostra a importância de acompanhar redes sociais e identificar oportunidades rapidamente. Franquias que reagiram cedo, como Sodiê e Amor aos Pedaços, capturaram vendas expressivasforbes.com.br.

  2. Planeje estoques e logística – O sucesso repentino causou filas e falta de produto; preparar fornecedores e estoques evita frustraçãoforbes.com.br.

  3. Negocie com pequenos produtores – A alta de preços nas Ceasas (95–107 %agro.estadao.com.br) e a concentração em pequenas propriedadesprofessorrafaelporcari.com exigem relações sustentáveis, evitando repassar toda a inflação ao consumidor.

  4. Invista em marketing e experiência – A estética “instagramável” impulsionou a trendforbes.com.br. Embalagens bonitas, experiências sensoriais e engajamento online mantêm o interesse, mesmo após a febre.

  5. Diversifique o portfólio – Depender de uma moda é arriscado; redes que lançaram variações (como Uva do Amor) ou tinham outras sobremesas reduziram o risco de queda brusca na demandaforbes.com.br.

  6. Seja transparente com o consumidor – Explique a origem do produto, mostre os custos e o impacto na cadeia produtiva. Consumidores conscientes valorizam boas práticas e ajudam a sustentar um negócio de longo prazo.

Conclusão

O morango do amor é um fenômeno emblemático de como uma simples receita viral pode alterar profundamente uma cadeia produtiva. Impulsionado por vídeos e memes, o doce transformou‑se em febre, multiplicou pedidos e levou filas às confeitariasforbes.com.br. Ao mesmo tempo, provocou uma dobragem no preço do morangoagro.estadao.com.br, beneficiando franquias e alguns produtores, mas penalizando consumidores e criando gargalos logísticos. Para franquiados e empreendedores, a história traz aprendizados valiosos: acompanhar tendências, planejar estoque, negociar de forma justa e diversificar ofertas são estratégias essenciais para transformar modismos em oportunidades duradouras. Quando a próxima febre culinária chegar, estarão à frente os negócios que souberem equilibrar hype e sustentabilidade.

Fontes utilizadas

  1. Forbes Brasil – dados sobre viralização, preços por unidade e declarações de franqueadoresforbes.com.br.

  2. CNN Brasil – números de pedidos e de lojas atendendo à demandacnnbrasil.com.br.

  3. Agro Estadão – variação de preços no ETSP, volume de vendas da Ceasa‑MS e depoimento de produtor de Atibaiaagro.estadao.com.br.

  4. Campo Grande News – preços de bandejas e relatos de revendedorescampograndenews.com.br.

  5. Focus Poder – aumento de preços no Ceará e estoques zeradosfocuspoder.com.br.

  6. Blog Professor Rafael Porcari (citando Cepea/USP) – informações sobre colheita manual e predominância de agricultura familiar na produção de morangoprofessorrafaelporcari.com.

  7. Diário do Nordeste – relato de revendedora que não pretende ampliar a operação por considerar a febre passageiradiariodonordeste.verdesmares.com.br.

Aviso Legal

Este artigo tem caráter informativo e não substitui consultas a profissionais especializados. A análise reflete dados e relatos de reportagens citadas; políticas de preços e estratégias podem variar. Antes de tomar qualquer decisão de investimento em franquias, consulte um advogado ou especialista para avaliar riscos e obrigações legais.

Nota do Autor

Os depoimentos e dados aqui reunidos foram extraídos de fontes jornalísticas listadas acima. Alguns nomes e expressões foram generalizados (por exemplo, “rede de doces” em vez de marcas específicas) para respeitar direitos autorais e evitar promoção comercial. Caso identifique alguma imprecisão ou tenha vivido experiência diferente, compartilhe nos comentários: o debate enriquecedor faz parte da nossa missão de informar.